50. Redes sociais[1]
A denominativa “rede sociais” surgiu anteriormente a sua aplicação virtual. O conceito das redes sociais provém das ciências sociais, cuja elaboração metodológica foi proposta pelo antropólogo J. A. Barnes seu artigo “Redes sociais e processo político”, onde aponta que indivíduos de uma comunidade norueguesa se organizavam através de interações interpessoais (BARNES; FELDMAN-BIANCO, 1987) nomeadas de rede social total[2] (ENNE, 2004).
Ao decorrer dos anos, o conceito ganha novos significados e é explorado por diversos autores. Para Castells, um dos maiores expoentes do conceito, os territórios (geográficos e sociológicos) e as identidades culturais estão sendo segmentados, devido às redes técnicas globalizadoras, resultando em uma nova forma de sociabilidade denominada de sociedade-rede (CASTELLS, 2020). Ainda segundo o sociólogo espanhol, a concepção de redes sociais virtuais é a concretização do conceito de redes sociais incorporado aos ambientes informacionais digitais (CASTELLS, 2003).
A era da internet foi aclamada como o fim da geografia. De fato, a internet tem uma geografia própria, uma geografia feita de redes e nós que processam o fluxo de informação gerados e administrados a partir de lugares. Como a unidade é a rede, a arquitetura e a dinâmica de múltiplas redes são as fontes de significados e função para cada lugar
(CASTELLS, 2003, p. 170).
Boyd e Ellison (2007) acrescentam que a concepção de rede social digital é recente na literatura científica. As autoras afirmam que:
A rede social é definida como um serviço baseado na internet, que permite aos indivíduos construir um perfil público ou semipúblico, dentro de um sistema delimitado, articular uma lista de outros usuários com quem compartilham a conexão e ver e recorrer à sua lista de conexões e as outras que estejam dentro do sistema. A natureza e a nomenclatura dessas conexões podem variar de um lugar a outro
(BOYD; ELLISON, 2007)[3].
Para Acioli, todas as interpelações sobre o conceito de redes sociais remontam a um intrínseco vínculo com as transferências de informações (ACIOLI, 2007). Com base nestas premissas, pode-se inferir a existência de uma diferença conceitual de redes sociais entre as plataformas digitais como Facebook, Twitter, Instagram das estruturas sociais organizadas em redes (antropológicas).
[1] Texto retirado de: VASCON, Luis Fernando de Castro. Disputas narrativas digitais: uma análise dos impactos das redes sociais em relação à violência policial. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista. Marília, p.90. 2021.
[2] O que Barnes se propôs a fazer – e nesse sentido é percebido como um precursor no uso do conceito de rede para pensar analiticamente determinados contextos sociais em que a ideia de grupo não pareceria adequada — é transpor o conceito simbólico de rede, como utilizado primeiramente por Radcliffe-Brown, para usá-lo analiticamente, como instrumento metodológico de compreensão de relações sociais entre indivíduos. Assim, Radcliffe-Brown teria pensado o conceito de rede como uma simbologia para entender a estrutura social. Rede estaria, dessa forma, ligada a situações de permanência, e não a articulações temporárias. Segundo explica Mayer (1987), citando Firth, “Radcliffe-Brown usou a noção de rede para expressar de modo impressionista “o que sentia ao descrever metaforicamente o que via”, cabendo a Barnes dar ao termo uma definição mais precisa” (ENNE, 2004, p. 264).
[3] Tradução livre do inglês: “We define social network sites as web-based services that allow individuals to (1) construct a public or semi-public profile within a bounded system, (2) articulatea list of other users with whom they share a connection, and (3) view and traversetheir list of connections and those made by others within the system. The nature andnomenclature of these connections may vary from site to site” (BOYD; ELLISON, 2007, p. 2011).